sexta-feira, 7 de junho de 2013

A fome no mundo

Bem, esse é um assunto que me deixa muito triste. Tive pensando, o Enem pode cobrar um tema "simples" como esse em vez de pedir problemas mais elaborados...

Fome é um problema político
Em tese, há alimentos para todos. Se mesmo assim uma em cada sete pessoas passa fome, pode-se dizer que essa é uma situação politicamente tolerada, argumenta a editora-chefe da Deutsche Welle, Ute Schaeffer. Um mundo sem fome, com 7 bilhões de pessoas bem alimentadas e bem nutridas, seria possível. Nosso planeta produz alimentos suficientes. A fome não é um problema causado pela natureza ou cuja razão está apenas nas crises. A fome é politicamente tolerada. Ela é aceita porque há "coisas mais importantes", por exemplo as vozes dos consumidores e agricultores europeus.
Se nós, europeus, levássemos mesmo a sério nossos sermões sobre solidariedade, teríamos que cortar os subsídios agrícolas no continente, revolucionar os sistemas de comércio e aumentar o preço dos alimentos nos países industrializados. Passa-se fome sobretudo – por mais bizarro que isso soe – nas regiões onde os alimentos são produzidos, ou seja, no campo, onde as pessoas vivem da agricultura familiar e não têm seus interesses representados nas instituições econômicas multilaterais.
Fala-se muito das consequências humanitárias da fome. Mas quem fala daqueles que ganham com a fome? Isso também precisa ser dito com todas as letras: há quem se beneficie desse sistema que produz fome. E essas pessoas somos sobretudo nós, consumidores, que gastamos hoje menos pelos alimentos do que gastávamos há 20 anos. Gostamos de comprar pão por 1 euro e leite por 70 centavos de euro, e dizemos a nós mesmos que alimentos não podem custar caro.
Entre os que tiram vantagem disso estão os agricultores europeus, que produzem muito além da demanda do mercado e mesmo assim não precisam se preocupar. Altos subsídios lhes garantem uma renda confortável e uma ampla retaguarda política. Os agricultores nos países em desenvolvimento nem ousam sonhar com uma situação como essa.
Investimentos no desenvolvimento de regiões interioranas e na agricultura são considerados retrógrados. Países em que 80% do PIB vêm da agricultura acreditam que podem viver sem uma política agrária! Ou ainda mais grave: um país com as dimensões de terras férteis como Moçambique, por exemplo, poderia exportar arroz ou milho para todo o sul do continente africano. Em vez disso, os moçambicanos dependem de importações caras, simplesmente porque a elite política local não se interessa por esse problema. 
Ainda, Críticos dizem que ajuda humanitária agrava a dependência em muitos países africanos ( importante: http://www.dw.de/o-mercado-da-fome-beneficia-pa%C3%ADses-doadores/a-15516223
Vamos acabar com as belas mentiras do nosso mundo de bem-estar: a fome e a miséria são causadas apenas em parte por guerras ou catástrofes. E são raramente apenas um problema da população urbana pobre. Não! A fome é o resultado de uma exclusão que é no mínimo tolerada por amplas parcelas da população. As necessidades e penúrias de quem passa fome são colocadas de lado, politicamente apagadas por todos aqueles que se beneficiam com o problema.
Possíveis propostas:
-Conclui-se forçosamente que é necessária uma mudança política radical. Nenhuma reparação, nenhuma ajuda emergencial, nenhuma promessa decorativa, proferida num encontro de cúpula e pouco depois esquecida, será capaz de deter a erosão social e econômica provocada pela fome e pela pobreza em todo o mundo.
-Precisamos adiar nossos interesses de curto prazo – mais crescimento, mais conforto –, para que ninguém mais morra de fome.
-Nas regiões atingidas deve haver serviços de aconselhamento para os agricultores, linhas de crédito ou títulos de propriedade de terra confiáveis, investimento em infraestrutura e pesquisa agrária. A agricultura dos países em desenvolvimento não deve mais ser negligenciada.
-“Temos que pressionar deputados e políticos para mudar a lei, impedindo que a especulação de alimentos continue. Devemos exigir dos ministros de finanças na assembleia do Fundo Monetário Internacional que votem pelo fim das dívidas externas. Temos que nos mobilizar para impedir o uso de agrocombustíveis e acabar com o dumping agrícola”. 

Concluindo...
O primeiro requisito de uma vida digna é ter o que comer. Mas o planeta ainda está longe de alcançar o Objetivo do Milênio que estabelece a redução pela metade da fome no mundo. Segundo os especialistas, principalmente para os países em desenvolvimento os preços dos alimentos vão continuar altos e, assim, inacessíveis para os mais pobres.
"Com o atual modelo de pensamento industrial não podemos mais resolver o problema", afirma Herren. Para ele, os governantes, mas também a sociedade civil, estão diante da obrigação de assumir mais responsabilidades para a resolução do problema, tendo em vista as convenções de direitos humanos vigentes.
Alguns dados
-A cada três segundos, uma pessoa morre de fome.
-Calcula-se que 815 milhões, em todo o mundo sejam vítimas crónica ou grave subnutrição, a maior parte das quais  são mulheres e crianças dos países em vias de desenvolvimento.
-O flagelo da fome atinge 777 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, 27 milhões nos países em transição (na ex-União Soviética) e 11 milhões nos países desenvolvidos.
-Todos os anos, dezenas de milhões de mães gravemente subnutridas dão à luz dezenas de milhões de bebés igualmente ameaçados.
-Na África sub-sahariana, o número de pobres pode aumentar de 315 milhões em 1999 para 404 milhões em 2015, afectando perto de metade da população da região (Banco Mundial, Abril de 2003). 
-A situação é particularmente dramática no Afeganistão, onde cinco a dez milhões de pessoas estão ameaçadas de fome, mas também muito grave na Coreia do Norte, Mongólia, Arménia, Geórgia e Tajiquistão, etc.(Dados de 2002).
-2 bilhões de pessoas sofrem de uma ou mais deficiências de micronutrientes, enquanto 1,4 bilhão tem excesso de peso, das quais 500 milhões são obesas.
Sites:

Um comentário:

  1. O Fair Trade ( Comércio Justo, em português ) pode ser uma proposta de intervenção.Definição: “parceria comercial, baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior equidade no comércio internacional. Ele contribui para o desenvolvimento sustentável por meio de melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados – principalmente do sul”.


    Link para aprofundamento:
    http://www.biofairtrade.com.br/comercioJusto.php

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