sábado, 8 de junho de 2013

O preconceito racial na sociedade brasileira – 125 anos sem escravidão




Trecho retirado de livro África, Terra , sociedades e conflitos. Editora Moderna . Autores: Nelson Bacic Olic, Beatriz Canepa.
O Brasil tem a segunda maior população negra do mundo. É quase um consenso no Brasil destacar-se a importância africana na formação da identidade nacional. Ao mesmo tempo, reconhece-se cada vez mais que no Brasil não existe a propalada democracia racial. A abolição da escravatura não pôs fim à exclusão social, da qual tem sido vítima há muito tempo a população de origem africana no Brasil.
Leis mais rígidas contra a discriminação racial e medidas discutíveis, como a reserva de cotas para a população afrodescendentes nas universidades federais, tentam, aparentemente compensar de forma parcial as seculares injustiças. Ao mesmo tempo, em janeiro de 2003, uma lei federal tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras nas escolas, tanto de nível fundamental quanto do ensino médio. O intuito é o de valorizar o estudo da cultura africana como um dos elementos formadores da identidade nacional

O preconceito racial na sociedade brasileira – 125 anos sem escravidão


1.      No ano de 1832, durante a sua famosa viagem que renderia a teoria da evolução, Charles Darwin passou alguns meses no Brasil onde ficou maravilhado com a diversidade vegetal e animal, porém saiu horrorizado pelo país ser escravocrata.
2.       Nesse último dia 13 de maio completaram 125 anos da promulgação da Lei Áurea que extinguia definitivamente a escravidão no Brasil sendo aprovada por 85 votos favoráveis e 9 votos contrários. Através dessa lei o país se tornou o último na América que tinha mão de obra escrava, mas mesmo tendo a liberdade a situação dos mais de um milhão de afrodescendentes continuou sendo problemática, alguns continuaram a trabalhar nas fazendas onde já viviam, porém como homens e mulheres livres e a grande maioria seguiram com a esperança de que teriam uma terra somente sua, mas o que se teve foi uma grande exclusão social para esses novos cidadãos brasileiros.
3.       A discriminação racial foi algo que veio acompanhando os afrodescendentes desde o Brasil Colonial e mesmo agora com leis severas contra qualquer tipo de discriminação racial ainda existe o racismo velado      A contribuição à cultura brasileira dos afrodescendentes foi muito grande na música, dança, literatura, culinária entre tantas outras. Essa influência se reflete até mesmo no idioma com palavras que somente tem no português do Brasil. 
4.       "A construção da igualdade no Brasil está diretamente ligada à educação. Ao aprovar a constitucionalidade das cotas, o STF já deu início a essa longa caminhada, que faz valer a nossa Constituição e o Estatuto da Igualdade Racial em sua plenitude".
5.      Apesar das melhorias conquistadas nesse um pouco mais de um século de liberdade a população afrodescendentes ainda luta para que haja igualdade e não uma segregação por causa da cor da pele. A nação brasileira é muito conhecida pelo mundo por causa do samba, capoeira e feijoada que são originários dos afrodescendentes, porém hoje isso é do povo brasileiro e não de uma cor de pele. 
6.      Uma nação que tem como ídolos afrodescendentes como no futebol Pelé e Garrincha, nas artes Machado de Assis, Aleijadinho, Pixinguinha, Cartola e tantos outros nomes pode também viver com a certeza de que não é a tonalidade de pele que fará um cidadão ser menos ou mais, pois todos são brasileiros, filhos da mesma pátria pela qual se deve orgulhar por ter pessoas que com diversidade, porém o que os une é o fato de ser brasileiro.

7.      'Censurar Monteiro Lobato é analfabetismo histórico'
Estudioso chama de absurda tentativa de proibir livros do autor, acusado de racismo, e diz que crianças sabem absorver o que historias têm de melhor
Solução:
1.       Usar esse pretexto (obra de Monteiro Lobato) para discutir em sala de aula o racismo
2.       Mas, quando têm uma oportunidade, os negros mostram que podem obter tanto sucesso quanto uma pessoa branca. O racismo dificilmente será extinto, mas fornecer oportunidades a esta população, como uma educação de qualidade, pode fazer com que eles melhorem sua condição socioeconômica e, no futuro, amenizar o preconceito racial. Exemplos de que etnias diferentes podem conviver em harmonia não faltam. Basta olhar para Barack Obama e seus eleitores, pois eles mostraram isso ao mundo.http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/redacao/ult4657u379.jhtm

3.       Não é o sucesso de alguns negros que vai abrir o caminho para os outros, da mesma maneira que não é reservando cotas em faculdades, mas sim a melhoria do ensino público que podem diminuir a diferença entre a média da população de qualquer raça que consiga atingir o ensinosuperior.http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/redacao/ult4657u372.jhtm
4.       O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_da_Consci%C3%AAncia_Negra

Diferenciação injusta
"Discriminação é uma diferenciação injusta ou ilegítima, pois vai contra o princípio fundamental da justiça (aquela que os filósofos chamam de 'regra da justiça'), segundo a qual devem ser tratados de modo igual aqueles que são iguais. Pode-se dizer que se tem uma discriminação quando aqueles que deveriam ser tratados de modo igual, com base em critérios comumente aceitos nos países civilizados, são tratados de modo desigual."

[Bobbio, Norberto. "Elogio da serenidade e outros escritos morais". São Paulo: Editora UNESP, 2002: 107]

Racismo no Brasil



O tipo de preconceito mais frequente em nosso país é o racial. O racismo no Brasil fica mais evidente quando o brasileiro identifica o negro com seu papel social. A constatação, obtida por meio de pesquisa, é da psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Ângela Fátima Soligo. Em sua pesquisa, a professora pediu aos entrevistados que atribuíssem dez adjetivos aos homens e mulheres negros. (...) O resultado final revelou que a maioria dos entrevistados, aí incluídos também os negros, limita-se a reproduzir os chavões sociais. O negro é alegre porque gosta de samba e Carnaval, forte porque se dá bem nos esportes e competente para trabalhos braçais. "O adjetivo é positivo, mas o papel social ligado ao negro mostra um preconceito arraigado na nossa cultura", concluiu a estudiosa. (...) A pesquisa reforçou a tese de que o brasileiro pratica um "racismo camuflado": em tese, diz que não tem preconceito, mas prefere limitar as possibilidades e potencialidades da raça negra. Por exemplo, na pesquisa, não houve identificação do negro com o intelectual ou o político.

[A ética e os estereótipos irracionais, UOL Educação]

Código Penal


Lei Nº 9.459, de 13 de maio de 1997.

Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Pena: reclusão de um a três anos e multa.

- B.

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